Poesia em formato Mp3, para ouvir é só apertar play. E, em breve, novas poesias.
Dotar de eternidade, porque se pretende eterno,
aquilo que gesto e acaso arranjam num momento,
como não espreitassem tantos e tão diversos desarranjos,
amar de tal modo a obra de um instante,
ignorando que os instantes, que se vão amontoando,
aquilo que ora sustentam, ora fazem insustentável,
projetar para o painel incerto do futuro,
o que é fato presente, a visão de um agora,
como a projeção sobre as flutuantes circunstâncias
não fosse por elas e por sua incrível mobilidade
distorcida, retorcida, desvirtuada,
eis o que nos torna negligentes, até em demasia,
e dessas coisas, que são invenções humanas,
nada se desdobra sem atos,
nada permanece sem vigília.
Cultivemos, pois, nossos afetos, cotidianamente,
como quem cultiva as flores de um jardim,
para que a ação do todo dia e do descaso,
não acabe por lhes tirar as cores e os perfumes,
comprometendo-lhes as formas e o frescor,
o que eles têm de salutar e vívido e admirável,
cubramos, pois, de cuidados e de atenções,
aquilo que nos encanta e o próprio encantamento,
escolhendo para nos guiar a aplicação dos zelos,
não o temor da fugacidade de todas as coisas
que, antecipando todos os términos,
transpassa de tristezas todas as felicidades,
mas um incentivo bem mais belo – o desejo
de fazer permanente tudo quanto há
nos enquantos que nos fazem rir.
aquilo que gesto e acaso arranjam num momento,
como não espreitassem tantos e tão diversos desarranjos,
amar de tal modo a obra de um instante,
ignorando que os instantes, que se vão amontoando,
aquilo que ora sustentam, ora fazem insustentável,
projetar para o painel incerto do futuro,
o que é fato presente, a visão de um agora,
como a projeção sobre as flutuantes circunstâncias
não fosse por elas e por sua incrível mobilidade
distorcida, retorcida, desvirtuada,
eis o que nos torna negligentes, até em demasia,
e dessas coisas, que são invenções humanas,
nada se desdobra sem atos,
nada permanece sem vigília.
Cultivemos, pois, nossos afetos, cotidianamente,
como quem cultiva as flores de um jardim,
para que a ação do todo dia e do descaso,
não acabe por lhes tirar as cores e os perfumes,
comprometendo-lhes as formas e o frescor,
o que eles têm de salutar e vívido e admirável,
cubramos, pois, de cuidados e de atenções,
aquilo que nos encanta e o próprio encantamento,
escolhendo para nos guiar a aplicação dos zelos,
não o temor da fugacidade de todas as coisas
que, antecipando todos os términos,
transpassa de tristezas todas as felicidades,
mas um incentivo bem mais belo – o desejo
de fazer permanente tudo quanto há
nos enquantos que nos fazem rir.
José Danilo Rangel
Nenhum comentário:
Postar um comentário