domingo, 9 de setembro de 2012

EXPRESSõES! nº 14





PREâMBULO


Para crescer, é preciso mudar. Quando comecei a fazer a revista EXPRESSõES!, não tinha ideia de como seria fazer uma revista, como seria mantê-la, sabia, entretanto, de outras experiências que o básico é ir fazendo. É na manufatura que conhecimento e prática vão se associando e se desenvolvendo, um puxando o outro para frente, daí, experimentar, daí, as mutações que essa revista vem sofrendo desde seu primeiro número, são tentativas e mais tentativas, aprendizado, mais aprendizado. Não é à toa, portanto, que a cada mês, você, leitor, coça a cabeça diante de algo que mudou. Apesar do que sugere os grandes manuais de como fazer uma revista, fazê-la assim é mais divertido. Além do mais, leitor, é step by step que vamos alcançando nossos objetivos, apresentando uma grande diversidade de trabalhos, sempre incluindo, sempre fazendo caber.

Para este mês, temos a inclusão de seção Grande Angular, assinada por Ana Paiva, que gostou da experiência feita na seção EXTRA, com dois ensaios de fotos conceituais. A ideia principal da Grande Angular é dar continuidade ao trabalho já em desenvolvimento. Para a estreia da seção, Ana Paiva preparou o ensaio Continentes. Ainda sobre fotos - Mari Azuelos adorna com seu trabalho, que é intrigante e curioso, o entresseções.

Na seção conto, A Casa dos Mortos, conto de Saulo Gomes de Sousa, que aparece pela primeira vez nas páginas da EXPRESSõES!. O conto faz parte de um projeto maior, uma profunda reflexão sobre a morte e as várias formas de tratar dela. Mais adiante, Alessandro Amorim dá uma dica muito importante para manter sanidade nesses dias de tumulto e desordem que vivemos, Fuja, Esconda-se: Deixe Só a Vida Encontrar Você! – é a crônica deste mês.

Em Decodificando, falo um pouco sobre a transgressão, refletindo sobre o seu valor, que não é incondicional. Rafael de Andrade, em A Indústria do Horror, no texto menor que o costume, traz uma reclamação sobre alguns programas de TV e pondera sobre seus efeitos sobre as mentes humanas. Depois, é hora da Poesia. Luiz Cochi, Bruno Honorato e Leo Vincey, e eu também, tomamos o espaço. O resultado é variado. O trabalho de Luiz Cochi chega a lembrar a poesia percusiva futurista, o de Bruno Honorato aproveita a onda ON, Leo Vincey observa o homem e a natureza, eu falo de uma coisa para falar de outra coisa. Fechando a área poética da revista, César Augusto e um convite, em Visões Poéticas: Vamos Tomar Um Cappuccino?

Para terminar, Laisa Winter nos fala sobre As Virgens Suicidas, um filme de Sofia Coppola, aproveitando o ensejo para pensar a missão das mães na Terra.

Espero que goste.



Porto Velho - Setembro de 2012
José Danilo Rangel




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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma Lição de Jardinagem

Poesia em formato Mp3, para ouvir é só apertar play. E, em breve, novas poesias.





Dotar de eternidade, porque se pretende eterno,
aquilo que gesto e acaso arranjam num momento,
como não espreitassem tantos e tão diversos desarranjos,
amar de tal modo a obra de um instante,
ignorando que os instantes, que se vão amontoando,
aquilo que ora sustentam, ora fazem insustentável,
projetar para o painel incerto do futuro,
o que é fato presente, a visão de um agora,
como a projeção sobre as flutuantes circunstâncias
não fosse por elas e por sua incrível mobilidade
distorcida, retorcida, desvirtuada,
eis o que nos torna negligentes, até em demasia,
e dessas coisas, que são invenções humanas,
nada se desdobra sem atos,
nada permanece sem vigília.

Cultivemos, pois, nossos afetos, cotidianamente,

como quem cultiva as flores de um jardim,
para que a ação do todo dia e do descaso,
não acabe por lhes tirar as cores e os perfumes,
comprometendo-lhes as formas e o frescor,
o que eles têm de salutar e vívido e admirável,
cubramos, pois, de cuidados e de atenções,
aquilo que nos encanta e o próprio encantamento,
escolhendo para nos guiar a aplicação dos zelos,
não o temor da fugacidade de todas as coisas
que, antecipando todos os términos,
transpassa de tristezas todas as felicidades,
mas um incentivo bem mais belo – o desejo
de fazer permanente tudo quanto há
nos enquantos que nos fazem rir.

José Danilo Rangel